Neste sábado, na primeira semifinal da Copa do Mundo de Rúgbi, que é realizada em Gales e na Inglaterra, Nova Zelândia e África do Sul - as melhores seleções da competição - fizeram a "decisão antecipada" diante de 80 mil torcedores que lotaram o Twickenham Stadium, em Londres. Debaixo de chuva, os sul-africanos foram notáveis na marcação e conseguiram segurar os All Blacks até onde deram. Porém, no fim, a Nova Zelândia, mesmo não fazendo um jogo excepcional, fez valer o status de ter formado a melhor seleção de todos os tempos neste esporte e venceu por 20 a 18. Assim, alcança mais uma final e buscará o tricampeonato (venceu em 1987 e a última edição, em 2011).
O outro finalista será conhecido neste domingo, quando a Austrália, favorita, enfrenta a Argentina - que tem um excelente sistema defensivo - no mesmo Twickenham Stadium. Os australianos são bicampeões em Mundiais (1991 e 1995) e a Agentina, busca alcançar a sua primeira decisão.
O jogo
O primeirio tempo foi muito equilibrado e terminou com a vitória da África do Sul por 12 a 7. Os motivos do sucesso diante do Dream Team zelandês foram a excelente marcação na bola aérea e a eficiência nas raras vezes em que o time foi ao ataque. Afinal, mesmo não chegando próximo ao gol, o Springboks conseguiu quatro faltas e todas foram convertidas por Pollard, que marcou os 12 pontos da seleção na etapa inicial.
Por outro lado, embora dominasse a bola no ataque, a Nova Zelândia obteve apenas um try (o gol do rúgbi, que vale cinco pontos) com o gigante Kaino logo aos cinco minutos (com mais dois pontos convertidos por Dan Carter). No restante desta etapa, sofreu com os muitos erros de passe e um chute na trave de Carter.
No segundo tempo a Nova Zelândia voltou ainda mais incisiva no ataque. A ponto de a África do Sul não ter conseguido passar do meio de campo nos primeiros dez minutos (a posse de bola chegou a ser de 69% para os neo-zelandeses). Neste período, os All Blacks passaram a frente. Primeiro com um drop (chute a gol com a bola rolando, três pontos) de Dan Carter e um grande try de Barret, com conversão certeira de Carter e que levou o placar para 17 a 12.
Restava aos sul-africanos partir para o ataque. Mas a estratégia era a de um time retrancado: dar um chutão e ir para o abafa em vrez de levar a bola. Aí quem brilhou foi Ben Smith. O fullback começou a aparecer na marcação e no início das jogadas de ataque, a ponto de ser eleito o craque do jogo.
Ainda assim, Pollard diminuiu o jogo para 17 a 15 aos 18 minutos. Porém, a falta que o time cometeu no minuto seguinte fez os All Blacks anotarem mais uma vez com Carter e levar o jogo para 20 a 15.
A chuva apertou e, com a bola escorregadia, os erros de passes e de chutes defensivos aumentaram. O zelandês Savea, artilheiro de tries do Mundial, era totalmente anulado pela marcação e os All Blacks, embora passassem do meio de campo, não conseguiam ganhar faltas, nem sequer correr para o gol.
Quando Lambie (substituto de Pollard) manteve a eficácia 100% do titular e acertou a falta que colou o placar em 20 a 18 restando 11 minutos para o fim, a Nova Zelândia tratou de fazer o tempo passar, buscando contatos e sendo muito felizes nas cobranças de laterais (ganhou todas). O minuto final foi dramático, pois a África do Sul, mais uma vez notável na defesa, recuperou a bola quando a Nova Zelândia estava a dois metros do gol. Aí foi a vez dos zelandeses mostrarem toda a sua força defensiva, conseguindo evitar o avanço na marra e saindo com a vitória que os colocam em mais uma final, além de manter uma marca inédita: estão invictos há 13 partidas em Mundiais.
Repercussão pós-jogo
Capitão e ídolo maior da Nova Zelândia, Richie McCaw disse que a África do Sul soube anular as principais jogadas da Nova Zelândia, mas que a sua equipe também ajudou cometendo falhas bastante incomuns:
"Sempre é muito complicado enfrentar a África do Sul. Não seria diferente numa semifinal de Copa do Mundo. Mas o nosso rival permaneceu no jogo até o fim por causa das nossas muitas falhas. Felizmente conseguimos a vantagem e a seguramos até o fim. Mas fica o recado: ganhamos, mas fizemos o placar da maneira mais difícil. Foi um grande jogo, um grande teste", afirmou.
Na África do Sul, ficou a sensação de que o dever foi cumprido, pois a equipe esteve no jogo até o apito final do juiz.
"Todos que acompanharam esta semifinal viram um grande jogo, uma entrega em alto nível. Perdemos a partida, crédito para os All Blacks. Mas ficou para todos que poderíamos ter vencido. Faltou-nos fazer um try", disse o capitão sul-africano Fourie Du Preez, que saiu de campo com o rosto inchado na altura do olho esquerdo.
Entretanto, o técnico Heyneke Meyer parecia discordar. "Queríamos fazer o nosso país se orgulhar nesta semifinal. Não conseguimos - disse o treinador, numa declaração muito crítica com ele e seus comandados, afinal, por aquilo que o time fez diante de um rival quase imbatível, uma derrota por 20 a 18 foi bastante digna."
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